domingo, 18 de outubro de 2009

Cantando a liberdade sexual brasileira...

Artigo de Danillo Bitencourt, presidente da Cufa Brasil

Não há trabalho maior do que o de educar uma sociedade cujas bases estão alicerçadas no rol do preconceito e no discurso da hegemonia. Foram poucos os temas, que ao ser lançados em espaços legítimos de discussão, que ficaram a mercê da opinião pública. Todos têm uma determinada reposta aos questionamentos atuais, mas nem sempre essas estão baseadas num conceito amplo de cidadania e responsabilidade social. Poucos são os que, ao indagar ou emitir pareceres sobre determinado assunto, deixa de fora os conceitos estabelecidos por uma cultura baseada nas concepções de elite, branqueada pelos poderes constituídos.

O foco deste artigo vai além do questionamento sobre como responder ou posicionar sobre assuntos do cotidiano. Ele perpassa sobre a necessidade que devemos ter ao emitir opinião sobre grupos marginalizados (entenda por marginalizado pessoas e/ou instituições a margem das ações de sociedade estabelecida, retirando todo o conceito pejorativo que essa palavra vem a ter). Discordar sobre a criação de fóruns, de novas possibilidades de perspectiva de vida a quem nunca teve oportunidade de emitir opiniões é uma tarefa válida, mas nossos pareceres devem estar envoltos nesta cultura de direitos a que todos estão inseridos.

A temática da homossexualidade (e o correto é homossexualidade, pois homossexualismo referia-se a doença, mas saiu do rol das patologias desde 1993 da Classifição Internacional de Doenças - CID - graças ao empenho do movimento homossexual brasileiro iniciado em 1985, quando da retirada pelo Conselho Federal de Medicina do termo nas classificações das doenças brasileiras) ainda é um assunto que provoca rupturas em nosso pensamento, enfreado por uma cultura heteronormativa que classifica a heterossexualidade como o aparato normal das relações humanas, esquecendo da transitoriedade que a sexualidade pode assumir num continuum que varia desde a homossexualidade exclusiva até a heterossexualidade exclusiva, passando pelas diversas formas de bissexualidade.

Quando a Central Única das Favelas, entidade construída com valores baseados na cultura de periferia e na luta social do jovem cidadão vindo de espaços socialmente excluídos, pensou na criação de um grupo de rap formado por pessoas cuja orientação sexual possa ser (ou não) diferente da sua, a primeira perspectiva foi a de incluir. Incluir, digamos, no sentido real da palavra, de chamar para perto todos aqueles que, independente das condições escolhidas para viver, são cidadãos e fazem parte deste referencial de sociedade democrática e de direitos. Foi assim que propomos, então, a criação de um grupo de rap formado por pessoas homossexuais, o Gangsta G, constituindo na cultura da periferia mais um espaço legítimo de divulgação não do conceito ou da orientação sexual das pessoas, mas um local de informação sobre a necessidade que devemos entender o outro como um ser humano, cujas especificidades possam ser ainda não reconhecidas em seu dia-a-dia.

Precisamos entender que algumas de nossas atitudes possam transferir posicionamentos homofóbicos. Homofobia caracteriza o medo e o resultante desprezo pelos homossexuais que alguns indivíduos sentem. O termo é usado para descrever uma repulsa face às relações afetivas e sexuais entre pessoas do mesmo sexo, um ódio generalizado aos homossexuais e todos os aspectos do preconceito heterossexista e da discriminação anti-homossexual.

Cantar rap, no sentido tradutório da palavra, é bater o papo, exprimir opiniões sobre determinados assuntos que ainda não estão em voga na nossa sociedade. Assuntos, estes, em sua maioria, que mostram a real face da vida em comunidade, na favela, colocando em xeque as relações sociais estabelecidas pelo viés dos pré-conceitos inferidos em nosso cotidiano. A orientação sexual de quem vai bater o papo não tem nenhuma interferência com a qualidade musical produzida. O fato é que a poesia e a rima de um grupo de rap formado por homossexuais continuarão sendo letras de protestos a essa nossa sociedade excludente e condenatória. O rap dos homossexuais é o papo da vida de pessoas que estarão apresentando a todos nós um novo conceito de família, de relacionamento, de convivência amorosa. Um conceito de direitos humanos, de igualdade na diversidade.

Sendo assim, indagados por inúmeros comentários sobre a possibilidade da criação de um Gansgta G, a Cufa estabeleceu um fórum de discussão sobre o assunto em seu site nacional. Surpreendentemente, a maioria das opiniões ali divulgadas representa o desconhecimento de muitas pessoas no que tange ao direito humano de ser entendido em sua especificidade, de ser compreendido como um cidadão de bem, de respeito e de valor. Valores estes que vão além da cor, da orientação sexual, da idade... São valores de direitos. E para se ter direito, basta ser humano.

A Cufa convida a todos para, juntos, embalarmos no espaço musical brasileiro a oportunidade de cantar histórias de vida de gente igual a gente, cuja orientação sexual possa ser ou não diferente da nossa. É hora de colocarmos na rua, das cidades brasileiras, toda a alegria e colorido da vida promulgada sobre os valores da fraternidade, liberdade e igualdade. Vamos, Cufa Brasil, com coragem e vontade, cantar a diversidade sexual de nosso povo...

domingo, 6 de setembro de 2009

Re-Cultura: a reforma da cultura brasileira

Desenvolver políticas visando a regulamentação e a legalização dos trabalhadores da Cultura, por meio de reforma fiscal e tributária, são as principais reivindicações do manifesto entregue ao ministro da Cultura, Juca Ferreira, na manhã desta terça-feira, 11 de agosto, em Brasília.

Secretários de Cultura, artistas e produtores de diversos estados vieram à capital federal para fazer a entrega do documento, no qual pedem o apoio do Ministério da Cultura para a criação de um Grupo de Trabalho Interministerial.

A intenção do movimento, chamado de Re-Cultura: a reforma da cultura brasileira, é convocar ao debate representantes de todos os segmentos culturais no país, assim como especialistas das áreas fiscal, tributária e trabalhista, para a construção de políticas públicas específicas para o setor.

“Que bom que a sociedade e o setor artístico estão nessa luta”, afirmou o ministro Juca Ferreira, lembrando que o MinC tem trabalhado pela regulamentação da classe artística, assim como pela melhor distribuição dos recursos públicos destinados ao setor cultural. “Já faz parte da nossa política fortalecer a Economia da Cultura. As alterações propostas para a Lei Federal de Incentivo e Fomento à Cultura, a Lei Rouanet, são um exemplo disso”, destacou.

A ONG Central Única das Favelas (Cufa) reuniu os artistas e organizou o encontro no MinC. O articulador Preto Zezé explicou que a intenção do movimento Re-Cultura é “trazer para a legalidade dezenas de trabalhadores da cultura que não conseguem se manter devido a atual carga tributária”. Na opinião do músico MV Bill, presente à audiência, a criação do Grupo de Trabalho é essencial para que a discussão se torne efetiva.

O presidente da Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro, Eduardo Barata, confirma a necessidade de reformular a legislação. “Se ficarmos como pessoa jurídica pagamos imposto altíssimo, como autônomo também. O setor cultural precisa de um olhar específico tributário e trabalhista” (…) “Ninguém quer ficar na ilegalidade”, completa.

Elogiando a iniciativa, o ministro Juca Ferreira comprometeu-se em apoiar o movimento e sugeriu que o Grupo de Trabalho seja formado por representantes de, pelo menos, cinco ministérios: Cultura, Trabalho, Fazenda, Justiça e Educação. “Os setores artísticos também precisam estar presentes durante as discussões, pois só assim será possível desenvolver uma política eficaz e efetiva.”

Participaram da reunião, ainda, o secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República, Antônio Lambertucci; o secretário de Fomento e Incentivo à Cultura do MinC, Roberto Nascimento; e o assessor da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Daniel Costa de Oliveira, representando o Ministério da Justiça.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Rapper MV Bill no Fórum de combate às drogas

O debate intenso do Fórum Permanente de Combate as Drogas vai contar com um grande reforço. Chega a Maceió para uma palestra no dia 20 de agosto, às 17h (Centro de Convenções), o rapper carioca, MV Bill. A secretaria Municipal de Educação é uma das parceiras da proposta, por reconhecer a contribuição para a discussão nas escolas. Os detalhes do evento foram apresentados pela presidente do fórum, Noélia Costa. A diretora de Gerenciamento Escolar, Elaine Oliveria e o secretário adjunto, Thomaz Beltrão, representaram a secretaria no encontro.

Com o tema "Como livrar-se das drogas", Bill vai jogar luz sobre os fatos que cercam o submundo do tráfico, do vício e da omissão dos poderes constituídos. Por conta da disseminação do uso abusivo de drogas na comunidade escolar, o secretário adjunto Municipal de Educação, Thomaz Beltrão ressaltou a importância da presença do rapper.

"A presença do MV Bil acontece num momento em que o município, por intermédio do prefeito Cícero Almeida tem tomado a iniciativa de participar do Comitê Interestadual sobre Drogas, onde o tema é discutido sobre a luz da educação, da saúde, do esporte e da assistência social", destacou Thomaz.

O Comitê reune os segmentos estaduais e municipais, além de contar com a presença da Universidade Estadual de Ciências da Saúde (Uncisal). O próximo passo do comitê é atuar na formação de professores para que atuem no reconhecimento dos dependentes, para encaminhá-los ao tratamento.

O foco principal, porém, será atuar no desenvolvimento de atividades que possam contribuir para a prevenção. Por isso, há o interesse na reprodução, em vídeo, da palestra de MV Bill nas escolas. Graças a sua capacidade de se comunicar de forma direta e clara, os educadores poderão abrir um debate franco com os estudantes.

Para Noélia Costa, a educação é importante no processo de prevenção porque atua diretamente com as crianças e os adolescentes. Ela dispõe de dados que apontam que 90% da violência gerada tem uma ligação com as drogas.

Fonte: Ascom Semed